Sempre às segundas

Toda segunda-feira acontece a mesma coisa: todos retomam suas vidas, indo ao trabalho, escola,etc.. e eu fico aqui de molho esperando o horário para ir para a fisioterapia.
Não vou negar os progressos que fiz: consigo andar de tornozeleira sem dor intensa, mas continuo com uma dor chata que me faz mancar depois de uns 50 metros.
Não sei mais se a bota robofoot me é útil ou não mas continuo usando quando estou em casa, principalmente nesse horário da manhã.
A idéia é que se ainda falta algo a cicatrizar/curar, a bota vai me ajudar a acelerar esse processo. Ou não.

Mas vou dizer o que me irrita:
- acordar de manhã e ir tomar banho "tomando cuidado" com o pé. Afinal, um escorregão extra pode me deixar mais 2 meses de molho.
- Não poder firmar um compromisso onde estarei durante muito tempo, pois pode acontecer de o pé começar a doer. Isso já aconteceu e preciso retomar a "confiança" no meu pé.
- Não poder ajudar a Tania, minha mulher, a ir até o trabalho. Até antes do acidente ela dependia de mim para chegar ao trabalho. Agora tem que se virar com ônibus e metro para chegar lá. Sinto uma pontada de incapacidade ao lidar com isso.
- A falta de foco nas atividades diárias. Antes, mesmo trabalhando eu conseguia organizar um trabalho de terceiro para realizar na casa. E agora estou meio sem rumo, sem saber se, assumindo um compromisso de trabalho com esse terceiro, eu estarei aqui para fiscalizar, afinal posso voltar a trabalhar a qualquer momento. E tem a questão de um imenso "não querer" fazer. Não é má vontade. É apenas falta de vontade mesmo. Sinto uma desmotivação intensa.
- Acho que serei mandado embora. Não sei como, quando, e de que forma isso ocorrerá, mas tenho quase certeza disso. Também é um motivo forte para minha desmotivação.
- Mas principalmente, e coloque PRINCIPALMENTE, em maiúsculas, eu não sei por quanto tempo isso vai perdurar. Afinal quanto tempo levará para que eu me recupere?
3 meses? 4 meses? 6 meses? 1 ano? Já tive estimativas de pessoas que passaram por isso que vá de 4 meses a 1 ano. Mas como já postei aqui, não gosto de me basear em estimativas de casos alheios pois muito se engana: o caso de um não é o caso de outro e assim por diante. Médicos evitam datas e prazos. A melhor e mais honesta previsão foi da minha fisioterapeuta Melissa: "O protocolo para esses casos é de 3 meses entre gesso e fisioterapia e depois você retorna às suas atividades com ligeira dor, mas sem comprometimento. Dai você continua mais 3 meses de fisiooterapia para continuar fortalecendo os músculos e depender menos dos seus ligamentos. O przo para você ´esquecer´ que tem um tornozelo é algo como 1 ano."
Mais honesto e direto, impossível. Mas pelo menos é algo em que se agarrar.

Eu sei que eu quero minha vida de volta. Posso estar chorando de barriga cheia, mas o que dizer? Estou numa zona cinzenta que vai do meio ruim para o meio bom. As pessoas contam comigo como se eu já estivesse quase bom. Mas é um esforço enorme "fingir" estar bom. Eu não estou bom. Se estivesse estaria passeando pelo shopping e voltando as minhas atividades de trabalho.

Tenho medo do meu trabalho, ou da ausência dele. Exigiria muita visita a cliente e enfrentar esse transito infernal de São Paulo. Um desgaste enorme.

Nunca passei por algo assim.
Pode ser que seja a segunda-feira.

Mas hoje vou ao psicologo. Porque estou pirando.

Muita Paciência e força.

Comentários

  1. Olá, Eduardo!
    Eu trinquei um osso do pé há umas 3 semanas e sei bem o que é isso. Fico com medo até de marcar compromissos para o mês que vem, porque não sei se estarei andando normal até lá ou não. A impressão que dá é que não vai melhorar nunca mais. Fora a sensação de o apartamento ter triplicado de tamanho (nunca foi tão difícil ir da cozinha para o banheiro...)

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