A Culpa do responsável pela família

Você é a pessoa na qual gravitam as demais pessoas da sua família? Elas dependem de você? Não só financeiramente, mas no apoio psicológico, na criação de uma criança ou simplesmente dependem de você para, sei lá, passear?

Se disse SIM a pelo menos uma dessas alternativas é provável que você esteja sentindo culpa nesse momento. Na hipótese de você estar imobilizado, claro.

Imagine que você tem uma criança pequena para criar, compromissos profissionais que foram quebrados de tal forma que você não sabe se conseguirá consertar, e que o (a) cônjuge não saiba dirigir.

Tudo é com você. Pois é, esse foi o meu caso naqueles dias. De certa forma, continua sendo.

Aquele compromisso profissional? Pfff.. esquece.. No meu caso, acabei perdendo o emprego ( o que não foi tãaao ruim assim, mas me afetou psicologicamente), hoje continuo na minha área mas me tornei empresário. Micro empresário. E só quem foi e é, sabe como é. Difícil. De repente, aquela equipe que te ajudava em várias coisas desapareceu e é você que tem que fazer tudo: banco, venda, cobrança, controle, estoque, etc, etc. etc.. e bota etc nisso.. Até aqui está tudo indo bem.

Minha filha de 6 anos é pequena pra entender o sufoco de não poder fazer isso ou aquilo, naqueles dias. Eles são pequenos, entendem pouco o que está acontecendo. No meu caso tive sorte, alguns amigos me ajudaram a impor um ritmo de passeio de final de semana, etc..

E minha mulher não dirige. Essa é a cereja do bolo. Porque ter alguém que te ajuda a ir pra lá e pra cá é uma mão na roda, acreditem em mim. Claro que não é culpa dela. Isso vem de anos, etc.. Mas as coisas são como são..

Minha mulher trabalha o que ajuda a aliviar o fardo financeiro, mas as contas podem se descontrolar. E se você é o único chefe da família, pode se descontrolar muito rápido.

E dai né? E dai que você fica lá com aquela bota imobilizadora pra cima, contando os segundos para sua consulta ao ortopedista que só vai acontecer dali a 2 semanas e ainda fica pensando em tudo aquilo que "não está fazendo". "Não estou fazendo isso nem aquilo, e tampouco aquilo outro" e dai chega um monstro chamado Culpa te aterrorizar.

Acreditem quando eu falo: é mais fácil quando se é jovem, mora com os pais e não tem compromisso. Aconteceu comigo na adolescência e nem sequer lembro de ter sentido um único dedo de culpa. Minha mãe me ajudava em tudo e tal.

Mas se você é o (a) cara, a coisa muda de figura.

Pois eu vou dizer uma coisa aqui que uso como filosofia prática na minha vida: culpa é um saco de tijolos que a gente se propõe a arrastar por ai. Alguem, muitas vezes você mesmo, lhe dá um saco enorme de tijolos para você carregar. Esse saco é a culpa.

Sabe qual é o segredo? Largue o saco. Não tem nada de relevante ali, é só um monte de tijolos e é um peso muito grande para você carregar. Então deixe no meio do caminho e siga teu caminho, mais leve, mantendo sua recuperação em foco.

Eu não conheço vocês. Pra mim aparecem em forma de gráfico e número de visitas no link Estatísticas do Blog. Mas você não é um robô (acho). Então significa que você tem uma história, uma aflição, uma dúvida que seja.

Mas a pior de todas as dúvidas eu não posso responder: "Serei eu capaz de retornar a minha vida normal?". Eu não sei. Não lhe conheço. Me coloco a disposição na forma do meu e-mail para entrar em contato comigo, mas realmente eu não sei da sua história. Inúmeras vezes recomendo, ao término do texto: "fale com seu médico". Mas mesmo ele, pode oferecer só uma pálida visão de futuro. Um "prognóstico". Algo que não serve pra dizer se você vai ficar bom em 3 meses, em 6 meses, em 1 ano.

Sinto dizer, para o bem ou para o mal: você está só nessa jornada. Uma ou outra pessoa vai te ajudar por 10 minutos, 100 minutos, as vezes 100 horas, dificilmente por 100 dias. Nesse caso conte com você mesmo.

Largue o saco de tijolos de Culpa e encare a sua recuperação como algo prioritário na sua vida. Aqueles que vierem te cobrar coisas que você não pode fazer responda na lata: "- Quando melhorar, eu faço!" Pronto.

E naqueles dias de chuva, com muitos raios, de desespero e tristeza, escreva.
Escreva tudo o que te aflige. não deixe faltar nada. Não precisa mostrar pra ninguém. Mas escreva. Enquanto você escreve, o temporal lá fora vai se desfazendo.

Muitas vezes eu me senti só. Responsável por tudo e por todos.
Ainda acontece. E as vezes eu tenho que voltar aqui e refazer os votos que sempre recomendei a todos os rostos desconhecidos, mas que estão ai, e que me acompanham:

Paciência e Força.
E larga esse saco!